STF manda prender Mauro Cid, mas revoga pedido em seguida; ele foi ouvido pela PF nesta sexta-feira

O Supremo Tribunal Federal (STF) revogou, nesta sexta-feira (13), o pedido de prisão preventiva do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ordem havia sido determinada no âmbito do inquérito que apura a suposta tentativa de obtenção de um aporte português para Cid, articulada pelo ex-ministro do Turismo Gilson Machado — que foi preso hoje pela Polícia Federal em sua residência, em Recife (PE).

A revogação do pedido de prisão ocorreu poucas horas após sua emissão, e a decisão final considerou que não havia elementos suficientes que justificassem a medida extrema contra Cid neste momento da investigação. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro estava sendo conduzido para a prisão quando o pedido foi revogado. Nesta tarde, ele foi ouvido durante cerca de três horas pela PF, informou o Jornal Hoje.

De acordo com a Polícia Federal, a solicitação do aporte europeu por parte de Gilson Machado foi interpretada como uma possível tentativa de fuga do ex-ajudante de ordens, o que poderia comprometer diretamente o andamento do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, no STF.

Mauro Cid confirmou que solicitou cidadania portuguesa, mas negou qualquer conhecimento sobre eventual intermediação de Gilson Machado junto a autoridades portuguesas. Sua defesa alegou que o pedido formal de cidadania foi feito em 11 de janeiro de 2023, três dias após os atos antidemocráticos em Brasília, e que se tratava de uma questão familiar.

“O pedido foi feito única e exclusivamente porque a esposa e filhas de Cid já têm a cidadania”, afirmou o advogado Cesar Bittencourt ao STF.

A rápida revogação da prisão sinaliza que, apesar da suspeita inicial, não foram apresentados indícios concretos de que Mauro Cid estivesse de fato se preparando para deixar o país de forma clandestina ou irregular. Ainda assim, o episódio lança nova sombra sobre a situação do tenente-coronel, que já firmou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal e é um dos principais delatores das investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Gilson Machado preso

Enquanto a situação de Mauro Cid foi revertida no Supremo, Gilson Machado permanece preso preventivamente. Ex-ministro do Turismo e aliado próximo de Bolsonaro, ele é acusado de ter atuado para facilitar a obtenção de cidadania portuguesa para Cid, o que a PF considera uma estratégia de obstrução de justiça.

A prisão de Machado representa um novo desdobramento da Operação Tempus Veritatis, que investiga a articulação de uma tentativa de golpe envolvendo políticos, militares e civis próximos ao núcleo bolsonarista. A operação foi deflagrada em fevereiro deste ano e segue em curso com foco na responsabilização dos principais articuladores do plano.

A defesa de Gilson Machado ainda não se pronunciou publicamente sobre as acusações. Novas diligências e depoimentos devem ocorrer nos próximos dias, à medida que o STF e a PF aprofundam a apuração sobre as intenções e conexões por trás do pedido de cidadania para Mauro Cid.

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